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Fábio Cleto foi empossado vice-presidente da Caixa por Eduardo Cunha em 2011
Agência Brasil

Fábio Cleto foi empossado vice-presidente da Caixa por Eduardo Cunha em 2011


O ex-vice-presidente da Caixa Fábio Cleto contou em delação premiada que, logo após sua nomeação para o cargo, em 2011, foi obrigado a assinar uma carta de renúncia que poderia ser usada pelo seu padrinho político, o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), quando quisesse.

A colaboração do ex-vice-presidente da Caixa foi um dos elementos que embasou a operação deflagrada nesta sexta-feira (1º) e que tem como alvo Lúcio Bolonha Funaro, apontado como o lobista que achacava empresas junto com Cunha.

Conforme relato de fontes com acesso às investigações, o documento era uma garantia de que Cleto colaboraria com o esquema de corrupção no Fundo de Investimento do FGTS ? se ele não o fizesse, o documento seria usado e o vice-presidente perderia o cargo.

Em delação, Cleto acusou Cunha e o agente do mercado financeiro Lúcio Funaro de receber suborno de empresas que captavam recursos do fundo. Ele admitiu que atuava para viabilizar os aportes a pedido do deputado e do próprio Funaro, que seria parceiro do peemedebista no esquema.

Nos depoimentos prestados à Procuradoria-Geral da República, Cleto afirmou que, dois dias após sua nomeação, em 2011, Funaro o fez assinar a carta. Assim, relatou, a qualquer momento ele poderia ser destituído do cargo, dependendo da vontade do delator.

Cunha conheceu Fábio Cleto em 2011, apresentado a ele por Lúcio Bolonha Funaro
Antonio Cruz/Agência Brasil

Cunha conheceu Fábio Cleto em 2011, apresentado a ele por Lúcio Bolonha Funaro


Cleto já teria se comprometido diante dos procuradores a devolver cerca de R$ 5 milhões a título de multa. O valor corresponde à soma das propinas que ele recebeu numa conta na Suíça. De acordo com o delator, após deixar o Banco Itaú, ele montou seu próprio negócio: um fundo de investimentos.

À frente do empreendimento, o ex-vice-presidente conheceu Lúcio Bolonha Funaro. Apontado pela Polícia Federal como operador de Cunha, o agente financeiro convidou Cleto para ocupar uma sala em seu escritório na capital paulista. Após aceitar a proposta, Cleto montou uma “mesa de operações financeiras” no escritório do novo amigo e, pouco tempo depois, foi apresentado por ele a Cunha. A relação comercial foi estabelecida em 2011, quando Funaro, via Eduardo Cunha, o indicou para o cargo na Caixa..

Propina

De acordo com Cleto, a relação com as empresas não era feita por ele. O delator garante que nunca pediu propina para ninguém, tarefa que cabia sempre a Cunha ou Funaro.

“Sabia por Eduardo Cunha o montante (da propina)”, afirmou o delator, que se autodenomina “um profissional de mercado”. Segundo ele, o deputado lhe dizia que exigia comissões variáveis de até 1% do valor de cada projeto ? 80% desse montante ficava com Eduardo Cunha. Cleto, por sua vez, recebia quantias menores.

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