Mudança

Psicologia e Gestão de Pessoas

 

*Rúbia Braga: O processo de mudança é algo que nos acompanha durante toda a vida, mas nem por isso se torna fácil. Quando estamos acostumados com algo, por mais que aquilo traga sofrimento, ali nos sentimos mais seguros. Mudar envolve o risco de não saber o que virá com aquela mudança. Permanecer como está, pelo contrário, é mais confortável. Há pessoas que passam uma vida se queixando de determinada situação, esperando que os outros mudem, mas não se dispõe, ela mesma, a fazer diferente. Não é fácil, já que cada escolha que fazemos envolve a renúncia de todas as outras possibilidades que poderiam ser escolhidas naquele momento.

Vejamos o exemplo da borboleta que, primeiro lagarta, precisa passar por um longo período de esforço que trará consigo a bela mudança de se tornar borboleta. Porém, antes de sair voando exuberante pelo mundo ela, que nessa época ainda era lagarta, precisa passar por um longo período dentro do casulo, onde há apenas ela, num processo de intensa transformação.

Ao longo da vida, muitas vezes é preciso que “entremos no casulo” e olhemos para dentro de nós mesmos, para nossas vontades, que muitas vezes se confundem com as vontades que o mundo de hoje nos impõe. Lá, temos condições de rever quais os valores que guiam nossa vida e qual a direção que queremos dar a ela. Dentro do casulo não cabe mais ninguém, só a lagarta que, se tiver coragem e força para enfrentar todos os desafios que o processo de mudança exige, sairá de lá como uma linda borboleta.

No entanto, há de se observar que a mesma coragem que é preciso para entrar no casulo, é necessária para que se saia dele. Entrar em contato conosco mesmo, com nossas vontades e sonhos, “entrar no casulo”, é essencial para que façamos as escolhas que nos levarão para onde queremos chegar. No entanto, não vivemos sozinhos e para “voarmos” e vivermos as maravilhas que há fora do casulo, é necessário que saiamos dele, num movimento onde a palavra principal é adaptação. Os meus valores e sonhos, que descobri dentro do casulo, não podem se realizar sozinhos e não serão iguais aos das pessoas que quero que voem comigo. Desta maneira, a saída do casulo muitas vezes exige que abramos mão de algumas coisas para que possamos permanecer junto de quem queremos. Pode ser que, para isso, escolhamos deixar de voar por alguns lugares que tínhamos planejado e tenhamos que ir a outros que não tínhamos pensado. E não é que às vezes podem vir boas surpresas daí?

Para nos inspirar neste lindo processo de transformação que é a vida, termino com um trecho do poema “Mude”, de Edson Marques:

Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as.

Seja criativo.

E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa,
longa, se possível sem destino.

Experimente coisas novas.
Troque novamente.
Mude, de novo.
Experimente outra vez.

Você certamente conhecerá coisas melhores
e coisas piores do que as já
conhecidas, mas não é isso o que importa.

O mais importante é a mudança,
o movimento, o dinamismo, a energia.

Só o que está morto não muda !

 *Rúbia Braga

Psicóloga e Consultora de RH 

Sócia-proprietária da Inovare – Desenvolvimento Humano e Organizacional 

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