
Pesquisadores brasileiros disseram nesta quinta-feira que encontraram traços do Zika vírus em um mosquito comum, de uma espécie diferente do Aedes aegypti, conhecido como o principal meio de transmissão.
Eles alertaram, no entanto, que mais testes são necessários para determinar se a espécie, conhecida como Culex quinquefasciatus (a popular muriçoca ou pernilongo doméstico), é de fato responsável por transmitir o vírus para humanos e, caso seja, a que extensão.
Os cientistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) descobriram os traços de Zika nos mosquitos Culex capturados na cidade e nos arredores de Recife, capital de Pernambuco, o Estado que foi atingido mais duramente pelo surto de Zika no ano passado.
“Os resultados preliminares da pesquisa de campo identificaram a presença de Culex quinquefasciatus infectados naturalmente pelo vírus zika em três dos 80 pools* (grupos) de mosquitos analisados até o momento”, informou a Fiocruz em nota em seu site.
Em março, os mesmos pesquisadores disseram que eles haviam transmitido com sucesso o Zika vírus para mosquitos Culex em laboratório, mas não tinham certeza naquele momento se a espécie conseguia carregar o vírus naturalmente.
Em comunicado, os cientistas disseram que os traços de Zika foram encontrados usando métodos que identificam o ácido ribonucleico do vírus. A carga viral encontrada no mosquito Culex foi similar à encontrada no Aedes aegypti. As descobertas confirmam a espécie como um potencial vetor do vírus, disseram.
“O objetivo do projeto é comparar o papel de algumas espécies de mosquitos do Brasil na transmissão de arboviroses. Foi dada prioridade ao vírus Zika devido a epidemia da doença no Brasil e sua ligação com a microcefalia”, afirmou a Fiocruz.
Ainda assim, muitas questões permanecem para determinar se o Culex, mesmo capaz de carregar o Zika, é uma fonte significativa para a doença em humanos.