

Um dos principais alvos da gigante Operação Lava Jato, a Odebrecht publicou na quarta-feira (6) um novo código de ética, mais enfático ao condenar práticas ilícitas. O texto foi lançado pelo presidente do conselho de administração da companhia, Emílio Odebrecht, durante evento em um hotel de São Paulo que reunia 170 executivos da empresa.
Emílio ? que é filho do fundador da construtora, Norberto Odebrecht ? reconheceu os erros da companhia, mas não poupou críticas à participação do Estado na esfera privada, que classificou como ?exagerada?. “Destaco o sistema político-partidário, o excesso de burocracia e a exagerada interferência do Estado na vida do cidadão e das empresas”.
“Temos de reconhecer nossa responsabilidade quanto às dúvidas sobre nossos comportamentos, omissões e complacências que existem junto à opinião pública”, declarou o executivo. Seu filho, Marcelo Odebrecht, está preso desde junho de 2015 e foi condenado a 19 anos e quatro meses de reclusão por corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
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Depois de ter outros executivos condenados ? Márcio Faria, Rogério Araújo, César Ramos Rocha e Alexandrino Alencar também foram indiciados pela Polícia Federal ? a Odebrecht assinou acordo de confidencialidade com a força-tarefa da Operação Lava Jato. A manobra pode ser o primeiro passo para uma possível delação premiada de Marcelo Odebrecht, que já manifestou disposição em colaborar com as investigações.

Rigidez
As novas regras de conduta da Odebrecht foram redigidas a partir de visitas a empresas internacionais que adotam políticas rígidas conhecidas como ?compliance? (ou ?conformidade?, em português). De acordo com Sergio Foguel, coordenador do Comitê de Conformidade, o novo regimento prevê punições que podem ir do desligamento do funcionário ao descredenciamento de fornecedores.
Ao deflagrar a Operação Xepa, em abril, a Polícia Federal descobriu a existência de um ?departamento de propina? dentro da empresa. O setor tinha hierarquia e programas próprios de contabilidade e comunicação para pagamentos irregulares.
Um dos executivos apontados como operadores de offshores deste departamento da Odebrecht, Vinícius Veiga Borin afirmou em delação premiada que o grupo chegou a comprar um banco para fazer operações ilegais ? valor que gira em torno de US$ 132 milhões. À força-tarefa da Lava Jaro, Borin disse ainda que a empreiteira controlava 42 contas offshores fora do país.
*com informações do Estadão Conteúdo