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Além de participar de esquema de corrupção, Cunha foi acusado de chantagear ex-vice da Caixa
André Dusek/Estadão Conteúdo

Além de participar de esquema de corrupção, Cunha foi acusado de chantagear ex-vice da Caixa


O presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), reagiu nesta sexta-feira (1º) às afirmações do ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal Fábio Cleto. Ele, que é delator na Operação Lava Jato, acusa o peemedebista de receber propinas em 12 operações de grupos empresariais que obtiveram aportes milionários do Fundo de Investimento do FGTS.

Em resposta, Eduardo Cunha afirmou que desconhece “o conteúdo da delação” e que, por isso, não poderia comentar detalhes. “Reitero que o cidadão delator foi indicado para o cargo na Caixa pela bancada do PMDB/RJ, com meu apoio, sem que isso signifique concordar com qualquer prática irregular. Desminto, como já desmenti antes, qualquer recebimento de vantagem indevida. Se ele cometeu irregularidades, que responda por elas”, disse Cunha.

“Desafio qualquer um a provar a veracidade dessas delações como também qualquer vinculação, de qualquer natureza, com as contas mencionadas por esses delatores”, disse o deputado afastado.

Entenda

Em depoimentos prestados à Procuradoria-Geral da República Cleto contou que Cunha cobrava comissões variáveis ? de 0,3%, 0 5% ou até mais de 1% dos repasses feitos pelo fundo ? conforme fonte com acesso às investigações.

Cleto foi vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa entre 2011 e dezembro do ano passado, indicado ao cargo por Eduardo Cunha. Ele integrava também o Comitê de Investimento do FI-FGTS, colegiado que aprova os repasses de recursos em empresas.

Aos procuradores da Operação Lava Jato, o delator contou que tinha reuniões semanais com o parlamentar afastado, em Brasília, para informar detalhes sobre quais eram os grupos que buscavam apoio do banco público e definir quais seriam os alvos da operação criminosa.

Em depoimentos de delação premiada, Fábio Cleto disse que Eduardo Cunha decidia quais empresas deveriam receber aportes do Fundo de Investimento do FGTS. Ao tomar conhecimento dos valores pleiteados pelas companhias, explicou o colaborador, o deputado indicava quais lhe interessavam e pedia que Cleto trabalhasse para aprová-los.

Uma fonte com acesso às investigações explicou que o Eduardo Cunha mandava reprovar qualquer investimento que fosse de interesse do PT. Nesses casos, a ordem seria para “melar” os auxílios.

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